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23 ANOS DE RETORNO NOS INVESTIMENTOS, QUEM SE SAIU MELHOR? (6° post)

  • ivanilto andreolli
  • 3 de set. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 16 de set. de 2023


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A finalidade deste post é trazer uma abordagem direta sobre o retorno de alguns dos principais investimentos em cenário Brasil confrontando-os com a inflação brasileira. Para isso utilizou-se uma janela de 23 anos (de 2000 a 2022).


O período analisado não é tão longo, mas representa uma janela de 23 anos em que a economia brasileira teve uma inflação mais comportada, geralmente abaixo de 10%a.a. Nesse período avaliou-se os seguintes índices: IPCA, Dólar, DI, 105%DI, IPCA+5%, IBOV e S&P 500*.


O IPCA representa o índice oficial de inflação brasileira. O dólar representa a valorização perante o real. O DI representa aproximadamente a SELIC. O IPCA+5% é um parâmetro de RF que nesse período foi possível se investir no Brasil. IBOV representa o principal indicador da bolsa brasileira. S&P 500* é um dos principais indicadores da bolsa americana, convertida para moeda brasileira. O parâmetro 105%DI é apresentado, porque também foi possível de se obter taxas de RF no período com base nesse percentual do DI.


A tabela a seguir apresenta um resumo dessa análise. Os cálculos foram feitos pelas equações da matemática financeira, mas aqui o importante é a análise desses resultados. A penúltima linha da tabela traz o quanto valeria 1 real corrigindo-o com cada índice acumulado. A última linha apresenta o poder de compra em função do ativo arroz, considerando que este acompanhou a inflação!


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Observe que seria necessário R$4,07 no final de 2022 para comprar o que se compraria com R$1,00 no início de 2000. A antepenúltima linha dá o percentual que se consegue comprar (poder de compra) para cada índice. Por exemplo, se você tivesse comprado dólar no início de 2000 e colocado embaixo do colchão, em 2022 você conseguiria comprar apenas 72% do que se compraria em 2000.


Outro exemplo, considere, por exemplo, que em 2000, 1kg de arroz custava R$1,00. Então, o kg do arroz em 2022 custaria R$4,07 e se você tivesse investido este R$1,00 em 100%DI, você conseguiria comprar em 2022, 3,34kg de arroz.


Analisando a tabela, observa-se que um dos melhores retornos foi obtido através do IPCA+5%. O parâmetro 105% do DI foi ainda melhor, mas a de se considerar que a SELIC esteve alta na primeira década do novo milênio, principalmente até 2008 e que o spread (diferença entre DI e IPCA) vem caindo de forma significativa. O gráfico a seguir ilustra a redução do spread ao longo do tempo. Assim, (IPCA+5%) parece ser um índice de investimento melhor e reduz riscos à medida que protege o investimento da inflação.


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Voltando a tabela anterior, fica evidente que a RF brasileira apresenta alto retorno. Esse retorno fica mais evidente quando se compara com o IBOV e até mesmo ao S&P 500*. Com relação ao IBOV, esse é muito influenciado pelo setor financeiro e de comodities (principalmente Vale e Petrobras). Mesmo assim, deve-se considerar que não é tão simples bater o índice através de uma carteira de ações diversificada ou através de alguns fundos de ações. É preciso certa dedicação e estudo.


Assim, na minha visão, a RF brasileira deveria ser considerada em qualquer carteira de investimentos no Brasil. A fração de RF vai depender do perfil de cada investidor. Coloco 3 motivos em favor da RF brasileira: (i) aqui é possível investir em RF se protegendo da inflação, (ii) é possível para o pequeno investidor investir se protegendo com o FGC ou escolhendo empresas boas e (iii) o cenário mundial está cada vez mais complexo e as empresas podem ter menores crescimento e, consequentemente, retornos menores no futuro e, incluindo maior taxação pelos governos.


No livro investindo em ações no longo prazo, o retorno de 200 anos do mercado americano se aproxima de inflação mais 7%. Será que nos próximos 20, 30, 40 anos, teremos este retorno no mercado de capitais? Certamente, escolhendo as melhores empresas, o retorno deve ser maior, mas existem muitos riscos nessa escolha. São tantas variáveis na economia que não temos como prever como será o mercado de capitais e nem mesmo a RF, mas hoje sabe-se que a RF está pagando boas taxas.


Uma questão interessante seria avaliar se o IPCA realmente representa a inflação real. Sabe-se que os produtos são precificados em dólar, mas sabe-se também que o próprio dólar impacta a inflação brasileira. Inclusive o IPCA mostrou isso, sendo superior à valorização do dólar no período.


Para averiguar se o IPCA é um índice satisfatório de inflação pode-se calcular a inflação americana desses 23 anos e adicionar a valorização do dólar frente ao real (192% da tabela anterior). A inflação americana no período (não está na tabela acima) foi de aproximadamente 75,7%. Então se alguém tivesse convertido 1 real em dólar no ano 2000 e então aplicado na inflação americana, obteria em 2022 o valor de R$5,12, um valor 26% maior do que o obtido pela correção do IPCA!


Ainda de curiosidade, se um americano tivesse guardado dólares embaixo do colchão em 2000, então, teria apenas 57% do poder de compra em 2022! Se em 2000 comprava 1kg de arroz com $1, em 2022, compraria apenas 0,57kg de arroz com este dólar! Essa perda de poder de compra é devido à inflação em dólar!


Cabe uma reflexão do porquê de a RF brasileira ser tão rentável. Taxas altas de juros estão relacionadas ao risco. Ou seja, tem a ver com o risco país. O Brasil paga esses juros altos não é porque quer e sim porque existem riscos e é a forma de captar dinheiro para financiar os projetos das mais diversas finalidades.


Infelizmente as empresas sofrem com os altos juros e não é à toa que, em média, o preço/lucro das empresas brasileiras é bem abaixo das empresas americanas. O fato de as empresas aqui estarem em preços menores do que as americanas não é sinônimo de prosperidade no mercado de capitais. Às vezes é melhor pagar mais caro por uma empresa que consegue crescer o lucro em taxas maiores do que pagar barato por uma empresa que não sai do lugar.


Dito isso, cabe também defender o mercado local. É inegável que aqui existam boas empresas em áreas perenes com lucros crescentes e baratas. Mas a seleção dessas empresas traz riscos também. Quais são as boas? Ou seja, quais vão dar retorno acima de uma IPCA+5% nos próximos 23 anos?


Ainda cabe colocar todas as questões geopolíticas. Aqui sempre foi dito o país do futuro e mais recentemente tem se dado mais atenção ao Brasil pelo risco baixo de conflitos, pela produção de alimentos, comodities em geral, clima propício para produção alimentar, imensidão de terras.... Então, será que é a vez do Brasil no mercado de capitais? É fato que o Brasil relativamente tem se posicionado melhor no cenário mundial, ainda mais quando olhamos os desafios da Europa.


Se a RF brasileira paga tanto, será que não tem risco? Tudo tem riscos, mas a diversificação em boa RF e ainda incluindo uma carteira de ações perenes com histórico consistente de lucros crescentes acredito ser uma estratégia interessante de investimentos. Aqui no Brasil há muitas oportunidades, mas sempre é bom ter em mente os riscos.


Uma carteira de investimentos que no passado deu certo, não significa que estava com alocação correta de riscos. Pode ser que o risco tomado foi muito alto e deu certo, porque o evento de cauda não ocorreu. Como diz Warren Buffett “Você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa”.


Sugestão, não considere apenas a taxa de retorno da RF. Aloque em bons ativos de RF. Se for crédito bancário, não alocar acima de 250k por emissor (já somados os juros). Se for crédito privado, diversifique bastante e procure alocar somente em empresas sólidas de médio a grande porte. Uma sugestão de leitura para análise de riscos nos investimentos é o livro do Howard Marks: O mais importante para o Investidor.


 
 

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